quinta-feira, 28 de novembro de 2013

A desorganização do Trânsito e do Tráfego

Uma das facetas mais graves da crise brasileira encontra-se no tráfego e no trânsito que atingem de forma bem negativa, os brasileiros de todas as regiões do país. Quem viaja pelas nossas rodovias verifica que o desleixo e o abandono na conservação das mesmas ampliam a crise das numerosas obras rodoviárias e ferroviárias que foram iniciadas, mas atualmente se encontram totalmente abandonadas. 

As obras iniciadas no passado para a construção de estradas de ferro que pretendiam ligar a região Sul do país à região Norte, sob gastos elevadíssimos, hoje se encontram em situação calamitosa, em face da omissão administrativa do governo federal. Também, infelizmente, a desorganização do tráfego aéreo, um dado conhecido em todo o país, vem afetando a nossa economia e, o mais grave, deixa sob previsão os riscos que deverão ocorrer na movimentação de turistas para a Copa do Mundo de 2014.

Mas, esses problemas que envolvem tanto os veículos de transporte terrestre, como também o setor aéreo, recaem nos meios urbanos de forma revoltante.  As grandes cidades brasileiras vivem um trânsito catastrófico e atrasam, em horas e horas, os cidadãos que tentam se deslocar de sua residência para o trabalho ou outras atividades. Cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e, mesmo, Belo Horizonte, em certas horas do dia se transformam numa situação confusa, onde o trânsito provoca impedimentos que duram tempos significativos de mal-estar e de paralisação social.

São problemas gravíssimos que precisam ser levantados, especificados, bem detectados, para se conseguir as soluções que só podem ser alcançadas com um planejamento sério, eficaz, sob lances de inteira atenção governamental.

Infelizmente estas questões se alastram por todo o país, agravando a nossa economia. Por outro lado, o dia a dia do cidadão não vem sendo focalizado e nem tem merecido aquela preocupação excepcional que deveria ter por parte do poder público, sobretudo advindo de patamares federais aos quais cabe a responsabilidade de gerir todo o país.

Ao lado de tudo isto, a estrutura política do país, sob um federalismo inexistente, permite que os estados se submetam às garras malignas e burocráticas do governo federal. As unidades federadas não conseguem obter aquela participação que poderiam oferecer com soluções, próprias, sem os entraves da inaptidão e omissão vividas em Brasília.

Os problemas no tráfego e no trânsito do Brasil se não forem enfrentados por todos os órgãos capazes de agir na esfera da federação, articulando-se à união, aos estados e municípios, tudo crescerá nas duras dificuldades, perto do impossível para superar esses tipos de questões que estão enervando o povo, pois, atingem diretamente o cotidiano da vida de cada cidadão nas diversas partes do país.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Os restos mortais de Jango

Após 37 anos, os restos mortais de João Goulart são levados de São Borja, no Rio Grande do Sul, para Brasília, debaixo de um cenário de grande publicidade, obedecendo a um ritual preparado pelo governo, com a presença de personalidades do ambiente oficial da presidenta e de alguns ex- presidentes.

É estranho que esse deslocamento dos restos mortais do ex-presidente para Brasília tenha sido precedido pela sua exumação em São Borja, para que fosse realizada pesquisa técnico-científica das causas de sua morte, diagnosticada como decorrente de problema cardíaco, na época do falecimento.

Politicamente, essas homenagens ocorridas dezenas de anos após a morte de Jango, pelo governo da atual presidenta, se acham bem dentro da lógica do regime atual, que sabe utilizar os meios de comunicação para suas propagações partidárias e ideológicas.

Na verdade, há um desdobramento na política nacional que revela, claramente, que o populismo de Getúlio Vargas é o pai do populismo de Jango e, como este, é predecessor de Luiz Inácio Lula da Silva. Constata-se claramente que Getúlio, Jango e Lula são herdeiros das concepções populistas de manipulação das massas no Brasil.

Todos três se valeram das camadas populares para atingirem seus objetivos. Vargas incentivou o sindicalismo político e iniciou a movimentação de suas lideranças ao lado da crise social que soube estimular. Jango tentou levar o sindicalismo político até os seguimentos militares, além do apoio aos setores radicais de esquerda. Lula também saiu de dentro das massas sindicalistas, descendentes das velhas técnicas de Vargas, embora adaptadas aos novos tempos, inclusive com algumas novas técnicas de ação política.

É compreensível, portanto, que atual presidenta, fruto de uma máquina política criada há mais de cinquenta anos, se sinta obrigada a reconstituir esses fatos do passado que fazem parte da sua história e das suas conquistas eleitorais.

Tudo, porém, provoca certo mal estar para aqueles que respeitam cristãmente o episódio dos desaparecimentos humanos. Estes não podem aplaudir plenamente esse tipo de evocações. Jango, pelas suas condições históricas e pelo seu sofrimento - que indiscutivelmente viveu -, merece respeito dos seus concidadãos, que não aceitam a utilização de seu drama com o espetáculo que, entorno dele, está ocorrendo.

Jango é um ex-presidente da República que marcou com sua presença um momento significativo em nossa existência política e, como todo homem público, teve os aplausos dos companheiros e as críticas dos adversários. Como personalidade histórica há de ser tema para os estudiosos, mas, como figura humana, precisa ser respeitado.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O Manifesto dos Mineiros

Minas Gerais comemorou com generalizado respeito e apreço histórico a data do chamado “Manifesto dos Mineiros” de 1943, quando personalidades ilustres do estado lançaram seu protesto contra a ditadura de Getúlio Vargas.

O Manifesto, de claros objetivos democráticos e inspirado no velho espírito liberal de Minas, teve a maior repercussão e expressou, de certa forma, a continuação de lutas contra à ditadura, sendo de se destacar o episódio ocorrido em fins de 1942, quando o ex-presidente mineiro Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, através de notável entrevista ao jornalista Samuel Wainer, fez declaração contraria a ditadura e ainda a carta subscrita por Armando Sales de Oliveira, o valoroso líder paulista exilado na Argentina, que se dirigiu ao povo brasileiro logo após a manifestações dos mineiros. Ele fora candidato oposicionista a Presidência da Republica em principio de 1977, antes do golpe.

O Manifesto trás consigo um apelo democrático para o futuro, mas ainda traduz consequências políticas marcantes, ocorridas nas vésperas do golpe de Estado de Getúlio em novembro de 1937.

O apelo democrático representava também o apoio às forças Aliadas, que na Europa lutavam contra o nazifascismo, o qual, em certo momento, teve a simpatia de Vargas no celebre discurso no navio da Marinha Nacional de nome “Minas Gerais”, com repercussões negativas contra o Brasil.

Aliás, nos tempos ditatoriais de Vargas a violência policial dominou o país, ação era total, pois todos os dirigentes estaduais, os interventores que substituíram os governadores, eram pelo ditador nomeados arbitrariamente, e estes, por sua conta, designavam os prefeitos de todas as cidades dos respectivos Estados.

Para dar o golpe de 1937, Vargas, inicialmente com apoio de Benedito Valadares, conseguiu congregar a maioria dos deputados estaduais e grande parte dos deputados federais de Minas, com exceção daqueles que seguiam a liderança de Antônio Carlos e Arthur Bernardes e temiam a vocação autoritária do Presidente Getulio Vargas.

Getúlio e Benedito conseguiram de fato antes de 1937 um apoio efetivo da maior parte das elites políticas mineiras que acreditavam nas suas palavras democratas em favor da candidatura á Presidência de José Américo Almeida. Mas inesperadamente, Vargas dá o golpe ditatorial de 1937 fechando o parlamento e surpreende com a atitude traiçoeira estas elites que ficaram, assim, ludibriadas, como atesta bem em seu livro de memórias o antigo deputado Paulo Pinheiro Chagas.

Desta forma valorosos homens públicos mineiros, ao lado dos opositores à Vargas antes de 1937, se uniram para elaborar e assinar o “Manifesto dos Mineiros”, que, aliás, foi impresso secretamente em uma tipografia de nome Bazar Moderno na cidade de Barbacena e continha, uma farta doutrinação democrática contra o ditador.
A fase ditatorial, de Vargas, iniciada em 1937 recaiu de maneira arbitrária e até criminosa contra figuras históricas, como Luis Carlos Prestes e sua esposa Olga Benário, entregue aos alemães que a assassinaram, contra Graciliano Ramos, literato ilustre que descreveu uma obra sobre as violências que sofreu e além de vários cidadãos que foram exilados ou perseguidos dentro do país.

Naquela fase uma série de medidas arbitrárias atingiram todos aqueles que assinaram o Manifesto, ora com demissões do serviço público, ora com pressões policiais, ora com ameaças veladas ou públicas, ora com a suspensão de prerrogativas individuais então existentes.  Tais decisões do governo ditatorial aumentou a indignação e incrementou a atividade da resistência democrática.

Já em 1944, quando a Guerra começava a dar mostras favoráveis aos Aliados contra o nazifascismo, o enfraquecimento de Vargas tendia para sua deposição, o que ocorreu em 1945.

Conclui-se, portanto, que o “Manifesto dos Mineiros” constituiu-se em uma causa básica para incentivar no país a vocação democrática, e foi em decorrência dele que os três grandes partidos nacionais, nascidos em Minas, UDN, PSD e PR se estruturaram como pilares da democracia que seria implantada com a Assembleia Nacional Constituinte de 1946.

O documento político dos mineiros que está sendo comemorado com várias solenidades em Minas Gerais se apresenta desta forma, como uma contribuição à evolução democrática, sob o velho espírito liberal das nossas montanhas, e faz parte do acervo histórico da política brasileiras como sendo fonte de resistência às tentativas autocráticas e ditatoriais, que infelizmente até hoje existem no país.