terça-feira, 10 de junho de 2014

O Plano Nacional de Educação


A votação do Plano Nacional de Educação (PNE) constitui um acontecimento significativo, mas contém aspectos que podem causar certa preocupação. Indiscutivelmente, há aspectos positivos no Plano, mas há alguns ângulos que revelam uma tendência estatizante, dificultando a atuação de escolas comunitárias ou fundacionais, além de obstáculos que estabelece para as escolas particulares, que ficam consideradas como parte de uma área rejeitada pelas políticas públicas.
Quanto à questão do analfabetismo, as metas indicadas contêm ângulos deficitários, pois que, neste setor, o problema fundamental se localiza na formação de professores, subordinados a uma preparação deficiente, para fazer face às respectivas tarefas da alfabetização.
O grande educador Darcy Ribeiro e o próprio texto da Lei de Diretrizes e Bases focalizam o Ensino Normal, ao lado da formação pedagógica, como instrumento básico para fazer face a esta demanda importantíssima para a educação nacional. O Plano, infelizmente, silencia a respeito do assunto quanto às deficiências da sala de aula, que são a principal causa do analfabetismo.
Também as metas indicadas para o Ensino Médio, o antigo 2º Grau, não oferecem a flexibilidade dispensável nesta área, que requer um estímulo mais genérico que venha a facilitar, não só a escola estatal, mas ainda, outras modalidades no ensino comunitário, no ensino particular e implementação das áreas rurais.
Quanto ao Ensino Superior, a tendência estatizante não fortalece a autonomia universitária, deixando implícita a vocação intervencionista do MEC, que dificulta a liberdade de cátedra e a plena afirmação da inteligência docente, impedindo as concepções autonômicas, tão necessárias na vida universitária.
Também, a programação dos recursos públicos se mede pelas exigências do procedimento estatal, esquecendo que a educação não estatal do Brasil é muito mais forte, muito mais ampla, numericamente falando, que as entidades do Estado, geralmente limitadas em face da população brasileira, com uma estrutura administrativa comprovadamente fomentadora de crises.
Existem, por certo, alguns itens positivos, mas a proposição no seu todo não corresponde às exigências imperativas para o progresso educacional sob diretrizes democráticas e planejamento eficiente, em face da realidade nacional.