sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

A engenharia urbanística e as chuvas



Há poucos anos um velho engenheiro que estudou na antiga Escola Politécnica no Rio de Janeiro e também estudou engenharia em uma faculdade Francesa, disse-me ele que no tocante à urbanização os estudos na França eram bem preocupados com a consequência das neves durante o inverno.

Assim todas as fórmulas urbanistas preocupadas com as neves ofereceram soluções específicas voltadas para esse problema. E falou-me mais ainda o velho engenheiro que esta concepção urbanística voltada para as consequências das neves no meio urbano levavam às conclusões bem diversas das questões urbanísticas em face das chuvas e temporais.

No combate às neves, os bueiros e os grandes canais de escoamento de águas tinham menos importância e significação que aquelas das regiões sul-americanas cujo o panorama tropical era bem diferente.

A falta de soluções dos grandes problemas que surgiram com as enchentes do Rio de Janeiro e em São Paulo eram frutos das concepções das escolas de engenharia na França que não tinham maiores preocupações com as trombas d´água praticamente lá não existentes.

Isto teve reflexos nas primeiras faculdades de engenharia no Brasil, cujos estudos urbanísticos vindo da Europa não previam os fenômenos das enchentes que ocorriam em países como o Brasil. Quer dizer a influência inicial na engenharia brasileira era resultado da teoria Francesa.

Assim os engenheiros construíram as ruas das grandes cidades brasileiras dentro das concepções Europeias que não previam as grandes enchentes, pois estas não existiam de forma expressiva no velho continente.

Na realidade as primeiras preocupações de ordem prática que tiveram os engenheiros no Brasil foram no início da primeira República, principalmente com o grande prefeito Pereira Passos do Rio de Janeiro que serviram de exemplo, mas demorados para as grandes cidades brasileiras.

Em Belo Horizonte somente no governo de Hélio Garcia é que se alargaram os canais e os grandes bueiros, e apesar de suas obras muitas áreas da cidade vivem o drama de despreparo para as enchentes e aguaceiros nesta região tropical.

Na realidade a engenharia nacional precisa prever e propor soluções para este grave problema que se repete anualmente. As concepções da engenharia europeia é necessária em vários setores, mas a influência urbanísticas das cidades europeias precisam ser superadas por novas teorias e conceituações sobre o problema de chuvas e enchentes que se multiplica no Brasil, país tropical.

Infelizmente em matéria urbanística grande parte da engenharia urbanística brasileira pensa como os europeus, esquecendo as realidades tropicais de nosso país.

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